Sábado geralmente é dia de apresentar novos parceiros e eu até ia fazer isso, mas o Nick teve a gentileza de responder minhas perguntas a respeito do meu amado GO e então repassarei essa entrevista a vocês. Espero que aproveitem e, claro, fiquem com vontade de ler GO.
Perguntas para Nick Farewell
VePeB- Em nenhum momento do livro sabemos o nome do protagonista. Porque essa escolha?
Nick- O personagem principal, em relação ao nome que nunca diz, eu me baseei em um amigo que também nunca dizia o nome dele. Apenas apelido. Enquanto escrevia, eu pensava que iria revelar o nome em algum momento. Mas a “identidade” do nome acabou ficando secundário. Porque a verdadeira identidade era o estado filosófico do personagem. Ao longo da escrita também descobri a universalidade de Mr. Fahrenheit. Somos todos Mr. Fahrenheit. Logo, a revelação do nome deixou de ser importante. Nós sabemos tudo dele, porque somos ele. Não importa o nome dele. Ele tem os nossos nomes.
VePeB- A história do livro é bastante realística. Quanto de verdade existe nas páginas?
Nick- Muitas são verdades e muitas são invenções. O interessante em todos os meus livros é que eu sempre misturo ficção e verdade. O mais interessante é que algumas coisas que o leitor poderia jurar que são verdades são invenções e o que acha que são ficções é verdade. São histórias que vivi, ouvi e julgo ser pertinente para contar uma história. Mas o enredo é basicamente ficção. Por causa desse realismo muitos leitores também acreditam que GO é autobiográfico. Um erro crasso. Mr. Fahrenheit é uma grande ficção. Mas real, porque a mentira dele é verdade de todos nós.
VePeB- Temos trechos lindos em GoO tanto engraçados quanto dramáticos. Quais são mais fáceis de escrever?
Nick- Eu gosto dessa transição. Em uma página você está rindo e na outra, você está chorando. Eu gosto de fato muito de humor. Talvez eu não seja tão engraçado como quando escrevo, mas faço questão de escrever coisas engraçadas. Acredito que o humor deixa a parte dramática ainda mais dramática. Mas não é um humor que você dá gargalhadas. É um humor sarcástico, irônico como a própria da vida que nos deixa sempre no sentido ambíguo do entendimento. Eu não diria que é fácil ou difícil. Eu busco a pertinência. E opto por humor ou dramaticidade. Engraçado ou emocionante. Tem que fazer sentido para o livro. É tudo em favor da história. E eu opto por o que é melhor. E espero conseguir sempre.
VePeB- Temos muitas referências de músicas, livros e filmes. A seu ver, qual a importância dessas indicações em livros? Você costuma ouvir, assistir, ler essas indicações?
Nick- O gosto de Mr. Fahrenheit é meu. São meus livros, filmes e músicas favoritas. Eu fiz questão de colocar essas referencias, porque queria que meus leitores lessem, assistissem e ouvissem. Costumo dizer que são mais importantes do que o meu próprio livro. É para os leitores buscarem essas referências. São de fato importantes, vitais para a vida.
VePeB- Nosso protagonista é bastante boêmio e mulherengo. Essas características foram escolhidas por ele ser escritor? Por ser DJ? Por qual motivo?
Nick- Não diria que é mulherengo. Ele dá sorte no momento em que se passa a história (rs). Sempre lembro de Kurt Vonnegut que dizia que os escritores, sejam eles famosos ou desconhecidos, sempre andavam com mulheres bonitas. E que ele também não entendia isso. Nem eu entendo, acho (rs). Creio que a bebida está associada à melancolia, amargura, dor, sofrimento. Confesso que eu comecei a discotecar na metade do livro para saber o que de fato o personagem passava. Eu diria que não fiz mais sucesso com as mulheres por ser DJ, não (rs). Creio que bebidas e mulheres são porque ele busca preencher o seu vazio existencial através disso. É a dor e falta de amor que o impulsiona nessa procura. Mas a minha busca é bastante filosófica e pragmática ao mesmo tempo. Eu procuro a vida.
Perguntas rápidas
Um lugar
Eu interior.
Um filme
Cinema Paraíso
Um livro
“As cabeças trocadas” de Thomas Mann
Um artista
James Joyce. É um gênio absoluto.
Uma comida
Da minha mãe. Minha mãe é uma exímia cozinheira.
Uma música
Bizarre love triangle – New Order
Uma época
Agora.
Uma bebida
Johnny Walker Black Label
Gostaram de conhecer melhor o autor e sua obra? Eu amo GO e já declarei meu amor por essa obra aqui no blog diversas vezes. Citei o autor Nick aqui, em uma lista com dez autores que li apenas um livro, mas queria ler mais. E aqui tem também a resenha de GO, o livro abordado nessa entrevista incrível.
Eu nunca imaginei, quando li GO pela primeira vez, lá em 2010, que um dia eu teria uma entrevista única com o autor. Agradeço a todos vocês que vem aqui ler o que tenho a dizer, porque essas coisas não aconteceriam sem vocês. Obrigada. Um beijo grande a cada um e até a próxima.
6 Comentários
A resposta do autor foi hilária: ele dá sorte no momento em que se passa a história rsrs . Ele é é um mulherengo isso sim rsrs. Também concordo com ele que James Joyce é um grande artista!!
ResponderExcluirÓtima entrevista Lary!!!
Bjs!
Eu adoro esse tipo de resposta, porque é algo que pode ser ou não verdadeiro. Você tem somente aquele espaço limitado em que se passa a história para tirar suas conclusões.
ExcluirBeijos
Fiquei curiosa em ler este livro. Concordo com ele na bebida haha
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho. Excelente !
Obrigada *-*
Excluircaramba, maravilhoso. A todos que estiverem por aí, tenho um grupo do go, ele existe a uns 7 anos. Todos são pessoas incriveis, e procuramos pessoas incriveis (como você). Isso é uqase um chamado de optimus prime dos livros. Serio, o go mudou minha vida... a forma como vejo a vida. Se tiver interesse, me chame no instagram @waldeirmachado ou no meu numero (espero que ainda seja meu numero quando estiver lendo isso) 21 96808-8102. Um chamado para todos aqueles que tem talento pra vida.
ResponderExcluirNossa... que incrível saber que um livro que gosto tanto mudou sua vida. ele mudou muito em mim também, acho que principalmente minha forma de ler.
ExcluirQuer conversar comigo? Me mande um e-mail: laryzorzenone@gmail.com
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